Álgebra abstrata/Conjuntos

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Teoria dos Conjuntos

O objetivo deste livro não é estudar a Teoria dos Conjuntos; este estudo pode ser feito de forma elementar (ou ingênua), de forma axiomática, ou mesmo de forma avançada (que é a análise dos próprios axiomas, verificando independência, completude e consistência).

Uma versão elementar está incluída no livro Matemática elementar: Matemática elementar/Conjuntos.

A teoria axiomática dos conjuntos (algumas vezes chamada de teoria ingênua dos conjuntos) está no livro Teoria dos conjuntos.

A Teoria dos Conjuntos é essencial para aprender Álgebra. O que se segue é um resumo da teoria, apenas alguns conceitos, mas será o suficiente para começarmos a estudar álgebra.

Definição de Conjunto

Conjunto é uma coleção de objetos

  • Ex: A={1,2,3}, B={azul,amarelo,verde}
    • A é uma coleção de números, B é uma coleção de cores
    • Logo AeB são conjuntos

Seja X um conjunto:

  • SexX, significa que x é um elemento de X.
  • Sex∉X, significa que x não é um elemento de X.

Definição de Subconjunto

Um subconjunto Y é parte de certa coleção X.

  • Ex: X={x;x>2},Y={y;4<y<10}
    • Assim yX,yY, isto é, todo elemento que pertence a Y, pertence a X, por isso dizemos que Y é subconjunto de X.
  • Mais formalmente, se yYyX, logo YXXY

Inclusão

YX é a inclusão dos elementos de YaX, e lê-se Y está contido em X.

Igualdade

  • Y=XYXeXY
  • Subconjunto próprio: Y é subconjunto próprio de XYX
    • Isto é, YX,masX⊄Y

Um conjunto que não têm elementos é chamado de conjunto nulo e representado pelo símbolo

  • O X, isto é, o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto.
  • Às vezes é chamado de conjunto vazio.

Conjunto x propriedade

É comum definirmos um conjunto usando alguma propriedade:

  • SejaXK,X={xK;xgozadapropriedadeP}
  • Ex: K={...,3,2,1,0,1,...},X={xK;x>0}={1,2,3,4,...}
    • Veremos mais para frente que K é o conjunto dos inteiros e que X é o conjunto dos naturais

A união de dois conjuntos é a reunião dos seus elementos, se algum elemento estiver repetido na inclusão, será contado uma única vez, assim:

  • SejaA,BK,AB={xK;xAouxB}
    • Veremos mais para frente que AB=(AB)(BA)(AB) ao qual são três conjuntos disjuntos

Exemplos:

  • AA=A
  • AB=ABA

A intersecção de dois conjuntos é a reunião dos elementos que estão em ambos, assim:

  • SejaA,BK,AB={xK;xAexB}

Exemplos:

  • AA=A
  • AB=BBA

Disjuntos

Dois conjuntos são disjuntos quando a intersecção dos conjuntos é o conjunto vazio, ou seja, quando seus elementos são distintos.

  • SejaA,BK,AB=A,B são disjuntos.

Exemplos:

  • AA=A. Logo A não é disjunto dele próprio.
  • AB=B. Logo A,B não são disjuntos.
  • SejaA={...,4,3,2,1},B={1,2,3,4,...};AB=. Logo A,B são disjuntos.

Diferença

A diferença de dois conjuntos é a exclusão dos elementos do segundo conjunto que estão no primeiro, assim:

  • SejaA,BK,AB={xK;xAex∉B}.

Exemplos:

  • AA=.
  • AB=AAB=.
    • SejaA={...,4,3,2,1},B={1,2,3,4,...};ComoAB=AB=A.
  • SejaA,BK;AB=;AB=KKA=B;KB=A.
Complemento

É um modo diferente de ver a diferen~ça de dois conjuntos

  • SejaA,BK;AB=KAB=AB=KB=KB.

Distributividade do conjuntos

Existe duas importantes propriedades usando união e intersecção, são elas:

  1. A(BC)=(AB)(AC)
  2. A(BC)=(AB)(AC)

Axiomas básicos

Um subconjunto importante é o In={p,1pn} n, pois através deles conseguimos contar elementos de um conjunto.

  • Exemplo: I5={1,2,3,4,5}

Axiomas de Peano (sucessão)

A função sucessão é dada por S(n)=n+1;n

  1. (Identidade) A função de sucessão s: é injetiva
    • Dados m,n,s(m)=s(n)m=n
  2. (Menor Elemento) Existe um elemento que não é sucessor de nenhum outro: 1
    • Logo m tal que s(m)=1
    • (unicidade) ns(n)
      • Seja m,n,p;s(n)=p+1;s(m)=p+1, para cada fator temos que n=p e m=p; por transitividade n=m. Logo o sucessor de um número é único
  3. (Princípio da Indução) Seja X um conjunto com as seguintes propriedades: 1X; Se kX então k+1X. Então X=

Todo subconjunto não-vazio A possui um elemento mínimo.

Prova
  • Devemos mostrar o complementar de A em relação ao assim BA
    • Tomemos um subconjunto  : B formado pelos elementos que não estão em A, ou seja, B={x/x∉A}.
  • a quem pertence o elemento 1
    • Se 1A o teorema está demonstrado, pois 1 é o menor elemento do .
    • Se 1∉A, logo 1B
  • O conjunto In
    • Agora tomemos um subconjunto de B, chamado In={1,2,...n} onde n é o maior natural tal que aconteça isso, assim 1∉A,2∉A,...,n∉A
  • mostrar que n+1A
    • Pela construção do conjunto In, temos que nIn. Se n+1B, teríamos n+1In e logo In+1. Como não faz sentido, logo n+1∉B, portanto n+1A
  • Devemos mostrar que n+1 é o menor elemento de A
    • Como todos os antecessores de n+1 são os elementos de In, temos que n+1 é o menor elemento de A, pois os elementos menores que n+1 estão em B

Conjuntos finitos e infinitos

Um conjunto X é finito quando assume uma das opções abaixo:

  • quando ele é vazio. (Neste caso o conjunto têm 0 elementos)
  • quando existe uma bijeção entre In e X. (Neste caso o conjunto têm n elementos)
    • escreve-se fbij:InX.

Concluímos que:

  • todo conjunto In é finito.
  • Que uma função bijeção entre dois conjuntos ocorre somente quando eles possuem a mesma quantidade de elementos
  • Numa bijeção, se um conjunto é finito, o outro também o é.

Quando o conjunto X não é finito (ou seja, não atende os requisitos para ser finito), o chamamos de infinito.

Propriedades importantes dos conjuntos finitos

Teorema (Bijeção sobre um subconjunto)

Seja AIn. Se existir uma bijeção f:InA, então A=In.

Prova
  • o fato de A ser um subconjunto de In nos diz que
    • A têm no máximo os mesmos elementos de In
    • A têm no máximo n elementos.
  • Se InA é uma bijeção, pela definição de finito, temos que A têm a mesma quantidade de elementos de In.
  • Juntando os dois fatos (o fato de A ter a mesma quantidade de elementos de In e que esses elementos são no máximo os elementos de In) temos que A=In.

Corolário (unicidade numa bijeção)

Se existir uma bijeção f:ImIn então m=n. Consequentemente, se existem duas bijeções f:ImX e f:InX, logo m=n.

Prova
  • o teorema 2 nos diz que seja AIn e se existir uma fbij:InX, temos que In=A
    • Logo devemos supor que ImIn (neste caso estamos supondo que mn), e essa suposição é válida pois se fosse m>n não teríamos uma bijeção
  • Pelo teor 2, Im=In ao qual m=n

Corolário (bijeção sobre uma parte própria)

Não pode existir uma fbij:XY de um conjunto finito sobre uma parte própria YX

Prova

Teorema (Propriedades de um subconjunto)

Se X é um conjunto finito então todo subconjunto YX é finito. O número de elementos de Y não excede o de X e só é igual quando Y = X.

Prova

Corolário

Seja f:XY uma função injetora. Se Y for finito então X também será. Além disso, o número de elementos de X não excede o de Y.

Prova

Leia mais

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