Mecânica dos fluidos/Conservação da energia

Fonte: testwiki
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Conservação da energia no escoamento

Antiga tubulação romana, feita de chumbo.

Rugosidade de tubulações

Como consideramos nula a velocidade junto às paredes do duto, não há perda de energia nesses pontos por fricção. No entanto, se as irregularidades nas paredes forem grandes o suficiente para ultrapassar a região de camada limite, passa a existir perda de energia também aí.

A rugosidade absoluta e é a altura média das irregularidades presentes nas paredes. A rugosidade relativa é a razão entre a rugosidade absoluta e uma medida da largura do duto; em dutos circulares, por exemplo, é a razão eD, onde D é o diâmetro do duto.

A rugosidade em geral não influi quando o escoamento é laminar, pois a espessura da camada limite nesse caso é maior que as irregularidades das paredes. À medida que a velocidade do escoamento aumenta, o Número de Reynolds também cresce, o perfil de velocidade vai se tornando cada vez mais plano, a camada limite diminui e o efeito da rugosidade vai se tornando cada vez mais dominante.

Ao longo do tempo, a rugosidade de um duto aumenta, devido a efeitos como sedimentação e corrosão, em fatores que variam entre 5 e 10 vezes.

Expressão teórica da perda de carga

A perda de carga em um escoamento deve-se à transformação de parte da energia cinética do fluido em calor, devido à fricção entre as partículas. O calor gerado aumenta a energia interna do fluido, o que se reflete na elevação da temperatura; parte desse calor eventualmente atravessa as paredes do sistema e se perde.

A primeira lei da termodinâmica nos informa que


dQdtdWdt=tCeρ0dV+S(u+v22+gh+pρ0)ρ0vdS


Como W = 0 e a quantidade de energia dentro do volume de controle não varia no tempo, se tomarmos um intervalo curto, teremos


dQdt=Suρ0vdS+12Sρ0v3dS+Sghρ0vdS+SpvdS=uρ0vS+12Sρ0v3dS+ghρ0vS+pvS


dQdt=uρ0Φ+12Sρ0v3dS+ghρ0Φ+pΦ


uma vez que a energia interna u e a pressão p podem ser consideradas constantes ao longo da seção vertical do duto. Introduzindo o chamado coeficiente de energia cinética


α=1ρ0Φv¯2Sρ0v3dSSρ0v3dS=αρ0Φv¯2


podemos escrever


dQdt=uρ0Φ+12αρ0Φv¯2+ghρ0Φ+pΦ=Φm(u+12αv¯2+gh+pρ0)


O coeficiente de energia cinética, que é adimensional, pode ser considerado como um fator de correção introduzido na fórmula devido ao fato de a velocidade do fluido não ser constante ao longo da seção do duto; se essa velocidade fosse constante, α seria igual a 1.


Assim, tomando dois pontos 1 e 2 no escoamento,


Δ(dQdt)=dQdt|2dQdt|1=Φm(u2+12α2v¯22+gh2+p2ρ0u112α1v¯12+gh1+p1ρ0)


Δ(dQdt)Φm=(u2u1)+12(α2v¯22α1v¯12)+g(h2h1)+p2p1ρ0


A parcela u2 - u1 corresponde ao aumento da energia interna do fluido: energia cinética transformada em calor, devido à fricção. A parcela referente à perda de calor é


12(α2v¯22α1v¯12)+g(h2h1)+p2p1ρ0


O termo


Δ(dQdt)Φm=Δ(dQdt)ρ0vS=ΔQρ0V=ΔQm=ΔH


é a perda de calor por unidade de massa do volume de controle. A equação tem a dimensão [L2t-2], o mesmo que energia por unidade de massa. Essa grandeza é algumas vezes chamada também de perda de carga, mas o mais comum é dividir tudo por g de forma a obter-se a perda de carga em dimensão linear.


Δh=12(α2v¯22α1v¯12g+(h2h1)+p2p1ρ0g)


O coeficiente de energia cinética tem valor 2 para escoamento laminar; para escoamento turbulento, de acordo com a lei da potência, seu valor é dado por


2n2(2n+3)(n+3)


Para valores suficientemente elevados do número de Reynolds, a aproximação α = 1 é bastante razoável.


Exercícios resolvidos



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