Curso de termodinâmica/Variação de entropia dos gases perfeitos-Ciclo de Carnot

Fonte: testwiki
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa

Ciclo de Carnot

Considerações iniciais:

Durante o processo reversível de um estado (T1, V1, P1) para um estado (T2, V2, P2), temos:

dS=δqT segunda lei



dS=dE+PdVT primeira lei


dE=CVdT gás perfeito

Em conseqüência:

dS=CvdT+PdVT

então:

ΔS=CVlnT2T1+nRlnV2V1

Porém, para um gás perfeito

CP=CV+nReP1V1T1=P2V2T2=nR



o que leva a :

ΔS=CplnT2T1nRlnP2P1


Definição do ciclo

Um ciclo de Carnot compreende quatro etapas reversíveis que aplicamos a n mols de um gás perfeito:

  • Uma dilatação (descompressão) isoterma a temperatura T1 = T2 = Tfonte quente;
  • Uma dilatação adiabática de Tfonte quente a T3 = Tfonte fria;
  • Uma compressão isoterma a T3 = T4 = Tfonte fria;
  • Uma compressão adiabática de T4 = Tfonte fria à T1 = Tfonte quente.

As etapas do ciclo de Carnot

O ciclo de Carnot constitui um exemplo simples de máquina, quer dizer um instrumento que permite a conversão de calor em trabalho ou de trabalho em calor.

Cálculo de w, q e E para cada etapa

Etapa A

Durante a expansão isoterma, uma quantidade de trabalho wA é fornecida (perdida) pelo sistema. Simultaneamente, o calor qA é absorvido:


ΔEA=0
wA=V1V2PdV=nRT1lnV2V1<0
qA=wA=nRT1lnV2V1>0

Etapa B

A expansão adiabática do gás conduz a um resfriamento da temperatura da fonte quente T1 = T2 para a temperatura da fonte fria T3 = T4. O trabalho é fornecido pelo sistema (é uma expansão ) mas acontece nenhuma transferência de calor.

ΔEB=wB=nC¯V(TfontefriaTfontequente)<0
qB=0

Etapa C


Δec=0


wc=V3V4PdV=nRT3lnV4V3>0


qC=wc=nRT3lnV4V3<0

Etapa D

ΔED=wd=nC¯V(TfontequenteTfontefria)>0

A equação de estado do gás permite simplificarem-se as expressões. Assim, durante a expansão adiabática (etapa B), temos:

dEB=nC¯VdT=δwb=PdV

mas:

C¯VdT=RTVdV
C¯VdTT=RdVV
C¯VlnTfontefriaTfontequente=RlnV3V2=RlnV2V3

Da mesma maneira, para a compressão adiabática (etapa D):

C¯VlnTfontequenteTfontefria=RlnV1V4

Deduzimos dessas relações que

V2V1=V3V4

Balanço do ciclo

a) calor

qciclo=cicloqi=qA+qC


qciclo=nRTfontequentelnV2V1+nRTfontefrialnV4V3
qciclo=nRlnV2V1(TfontequenteTfontefria)>0


b) trabalho

wciclo=ciclowi=wA+wCporquewB=wD
wciclo=qAqC
wciclo=nRlnV2V1(TfontefriaTfontequente)<0

c) energia

ΔE=wciclo+qciclo=0, de acordo com a primeira lei.Vverificamos igualmente que nem o trabalho nem o calor são funções de estado.

Globalmente, o sistema absorveu calor e forneceu trabalho. O ciclo de Carnot é um exemplo simples de uma máquina térmica, quer dizer, de um sistema capaz de transformar calor em trabalho. Um veículo automóvel é um outro exemplo de máquina (a combustão da gasolina fornece calor que é transformado em trabalho de deslocamento). O resultado do ciclo de Carnot sugere que poderíamos recuperar em trabalho 100 % do calor fornecido. Entretanto, mesmo que não houvesse nenhuma perda de calor por condução e de energia mecânica por atrito, isso não poderia acontecer, porque o calor qC é devolvido pelo sistema no lugar frio da máquina e, na prática, não pode ser reutilizado para operar a máquina. O rendimento máximo de uma máquina de Carnot é:

rendimento=wcicloqA=1+qCqA=1TfontefriaTfontequente

Conversão de trabalho em calor

Se percorrermos o ciclo de Carnot no sentido inverso, o sistema recebe energia mecânica e fornece calor em troca . É o principio da geladeira e da bomba a calor. Um gás é comprimido à temperatura do local. Fazendo isso, ele libera calor. O gás é transportado para a fonte fria (dentro da geladeira ou fora do prédio) onde sua expansão é acompanhada de uma absorção de calor.

Verificação da segunda lei

Sendo S uma função de estado, temos Sciclo = 0. Por outro lado, como cada etapa é reversível:

ΔSi=qiT

Verificamos que:

ΔSciclo=cicloΔSi=cicloqiT=qATfontequente+qCTfontefria=0

Predefinição:AutoCat