Análise real/PBO

Fonte: testwiki
Revisão em 17h10min de 11 de janeiro de 2018 por 179.192.172.163 (discussão)
(dif) ← Revisão anterior | Revisão atual (dif) | Revisão seguinte → (dif)
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa

Todo subconjunto não-vazio A possui um elemento mínimo, ou seja, se A,A,logonA,talquen<m,mA{n}.

Prova
  • Devemos mostrar o complementar de A em relação ao assim BA
    • Tomemos um subconjunto  : B formado pelos elementos que não estão em A, ou seja, B={x/x∉A}.
  • a quem pertence o elemento 1
    • Se 1A o teorema está demonstrado, pois 1 é o menor elemento do .
    • Se 1∉A, logo 1B
  • O conjunto In
    • Agora tomemos um subconjunto de B, chamado In={1,2,...n} onde n é o maior natural tal que aconteça isso, assim 1∉A,2∉A,...,n∉A
  • mostrar que n+1A
    • Pela construção do conjunto In, temos que nIn. Se n+1B, teríamos n+1In e logo In+1. Como não faz sentido, logo n+1∉B, portanto n+1A
  • Devemos mostrar que n+1 é o menor elemento de A
    • Como todos os antecessores de n+1 são os elementos de In, temos que n+1 é o menor elemento de A, pois os elementos menores que n+1 estão em B

Teorema (Boa Ordem = Indução)

Vale o Princípio da Boa Ordem se, e somente se, vale o Princípio da Indução.

Demonstração
  • Suponha válido o Princípio da Boa Ordem. Seja A satisfazendo as propriedades do princípio da indução.
    • Suponhamos, por absurdo, que A. Isto significa que existe algum elemento de que não pertence a A e, portanto, o conjunto B=A é não vazio.
    • Pelo Princípio da Boa Ordem, B possui um elemento mínimo mB. Com certeza m > 1, pois como 1A1∉AC=B. Assim, m1 é um natural menor que m.
    • Pela minimalidade de m, temos que m1∉B e portanto m1A. Pelo 2ª propriedade do princípio da indução, concluímos que m=(m1)+1A, o que é um absurdo.
  • Suponha válido o Princípio da Indução. Seja B não vazio.
    • Suponhamos por absurdo que B não possua elemento mínimo. Em particular, 1∉B (senão 1 seria elemento mínimo de B). Seja A={nN/n<m,mB}.
    • Observamos inicialmente que AB=. De fato, se AB, então existiria nAB, ou seja, n < n.
      • Tendo nA temos também n < m qualquer que seja mB, em particular, tomando m=nB obtemos n < n o que é absurdo. Concluímos que AB=.
    • Mostraremos a seguir que A=. Vejamos agora que isto é suficiente para concluir a demonstração. Neste caso temos =AB=B=B contradizendo a hipótese B.
    • Mostremos, por indução, que A=. Já sabemos que 1∉B e portanto 1<m qualquer que seja mB, ou seja, 1A. Tomemos nA. Por definição de A temos n<m qualquer que seja mB, logo n+1m para todo mB. Se n+1B então n+1 é um elemento mínimo de B. Como, por hipótese, B não possui elemento mínimo, segue que n+1∉B e portanto n+1<m para qualquer mB. Concluímos que n+1A. Pelo Princípio da Indução A=.
Nota: Na Teoria axiomática dos Conjuntos de Zermelo-Fraenkel [sistema denotado como "ZF sem adição de axiomas extras"], a generalização deste princípio acima é equivalente para o Axioma da Escolha, criado em 1904 pelo matemático alemão Ernst Zermelo. Este é considerado um dos axiomas mais importantes da história da Matemática, apesar de suas consequências não-construtivas e controversas (vide o Paradoxo de Banach-Tarski, entre outros).

Exemplo 1

Mostre que, dados a,b,c({0}),talquebca<b(c+1).
  • Dados a,b, pela lei da tricotomia, temos três possibilidades a<b,a=boub<a.
    • Caso a<b, tome c=0, assim b0a<b(0+1)0a<b
    • Caso a=b, tome c=1, assim b1a<b(1+1)ba<2b
    • Caso b<a. Tome A={n;bn>a}. A não é vazio, pois b(a+1)>a.
      • Pelo Princípio da Boa Ordem (P.B.O.), AmA;m=min(A)b(m1)<a<bm.

Exemplo 2

Se n,p,talquen<p<n+1.

  • Considere A={n:p<n},A. Pelo PBO, m,talquem=min(A)m=s(p)p+1=mp=m1