Análise real/Cardinalidade

Fonte: testwiki
Revisão em 17h09min de 11 de janeiro de 2018 por 179.192.172.163 (discussão)
(dif) ← Revisão anterior | Revisão atual (dif) | Revisão seguinte → (dif)
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa

Subconjunto In

Um subconjunto importante dos naturais é o In={p,1pn} para algum n.

  • Exemplo: Caso exista uma bijeção entre A e I5={1,2,3,4,5}, então A possui 5 elementos.

Conjuntos finitos e infinitos

Um conjunto A é finito quando assume uma das opções abaixo:

  • quando ele é vazio. (Neste caso o conjunto não têm elementos)
  • quando existe uma bijeção entre In e A. (Neste caso o conjunto têm n elementos)
    • escreve-se fbij:InA.

Concluímos que:

  • todo conjunto In é finito.
  • Que uma função bijeção entre dois conjuntos finitos ocorre somente quando eles possuem a mesma quantidade de elementos, aí dizemos que eles possuem a mesma cardinalidade. (De forma geral, se existe uma bijeção entre dois conjuntos, eles possuem a mesma cardinalidade, podendo eles serem infinitos).
  • Numa bijeção, se um conjunto é finito, o outro também o é ou se um não for finito o outro também não é.
  • Seja A um conjunto não vazio. Se existe n e uma função injetiva g:AIn diremos que A é finito, caso contrário, A é infinito.
  • O menor número n que verifica esta propriedade é dito número de elementos de A. Escrevemos A=n. Diremos também que o conjunto vazio é finito e que seu número de elementos é 0.

Cardinalidade de um conjunto

  • (A): significa Cardinalidade de A. Caso A seja finito, (A) é a quantidade de elementos de um conjunto finito A.
Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios. Dizemos que A e B têm a mesma cardinalidade ou que a cardinalidade de A é igual à de B e escrevemos (A)=(B), se existe uma bijeção f:AB.
  • Caso contrário dizemos que eles não têm a mesma cardinalidade ou que suas cardinalidades são diferentes e escrevemos (A)(B).
Exemplo: fbij:AIn(A)=n

Exemplo

Prove que o conjunto dos Naturais e dos Pares Naturais têm a mesma cardinalidade.

Prova:

  • Basta exibirmos uma função bijetiva entre os dois. Assim tome f:2;f(n)=2n
  • Injetividade: f(m)=f(n)2m=2nm=n
  • Sobrejetividade: Dado n2, devemos mostrar que existe m;f(m)=2m=n. Assim Tomemos n=2m;n2m.

Exemplo2

Prove que um conjunto X com n elementos pode ser ordenado de n! modos.

Prova(Por indução):

  • Devemos mostrar que é válido para quando n=1:X={a1} (A ordenação é única).
  • Como fica quando n=2:X={a1,a2}; Pode ser ordenado como: {a2,a1}ou{a1,a2}, isto é 2!=2 vezes.
    • Acontece que o termo a2 foi colocado antes do termo a1 e depois do termo a1. Então para cada opção que tinhamos antes ficou duplicada.
  • Como fica quando n=3:X={a1,a2,a3}; Pode ser ordenado como: {a3,a2,a1},{a2,a3,a1},{a2,a1,a3},{a3,a1,a2},{a1,a3,a2}ou{a1,a2,a3}, isto é 3! = 6 vezes.
    • Aconteceu para cada opção que tinhamos antes com 2 elementos foi triplicada com a inserção de um terceiro elemento.
    • Sendo que no primeiro o termo a3 foi inserido, antes, entre e depois dos termos em {a2,a1} e depois antes, entre e depois dos termos em {a1,a2}.
  • Suponha ser válida para quando n=k;X={a1,a2,...,ak}, existem k! modos de ordenar.
  • Devemos mostrar que para quando n=k+1, existem k+1! modos de ordenar esses k+1 elementos.
    • Como para k elementos existem k! modos de ordenar, então para cada uma delas existem k+1 maneiras de ordenar com o k+1-ésimo elemento.
    • Assim dado uma sequência com k elementos: {a1,a2,...,ak}, teremos {ak+1,a1,a2,...,ak},{a1,ak+1,a2,...,ak},...,{a1,a2,...,ak,ak+1}, onde o elemento ak+1 vai sendo colocado entre as posições dos elementos, antes e depois, resultando em k+1 lugares para ser colocados em k! elementos, resultando em k+1k! possibilidades
  • Logo um conjunto com X com k+1 elementos, pode ser ordenado em k+1! modos.

Exemplo3

Proposição: Se um conjunto X tem n elementos e possui t subconjuntos, o conjunto Y=Xh tem n+1 elementos e possui 2t subconjuntos.
Teorema: Um conjunto com n elementos possui 2n subconjuntos

Prova(indução sobre n):

  • Um conjunto com 1 elemento possui 21=2 subconjuntos, no caso de X={a1}, teremos os subconjuntos X2={a1}ouX1={}
  • Um conjunto com 2 elementos possui 22=4 subconjuntos, no caso de X={a1,a2}, teremos os subconjuntos X4={a1,a2},X2={a1},X3={a2}ouX1={}
    • Ou seja, foram inseridos os subconjuntos X3eX4 ao inserir o elemento a2.
  • Um conjunto com 3 elementos possui 23=8 subconjuntos, no caso de X={a1,a2,a3}, teremos os subconjuntos X8={a1,a2,a3},X4={a1,a2},X6={a1,a3},X7={a2,a3},X2={a1},X3={a2},X5={a3}ouX1={}
    • Ou seja, foram inseridos os subconjuntos X5,X6,X7eX8 ao inserir o elemento a3.
  • Vamos supor válido para quando n = k, ou seja, um conjunto com k elementos têm 2k subconjuntos.
  • Devemos mostrar válido para quando n = k+1, isto é, um conjunto com k elementos têm 2k+1 subconjuntos:
    • Um conjunto com k elementos tem 2k subconjuntos. Ao inserir o elemento ak+1a quantidade de subconjuntos vai dobrar(segundo a proposição), assim um conjunto com k+1 elementos têm 22k=21+k=2k+1 subconjuntos.

Prova (Triângulo de Pascal)

  • um conjunto com n elementos tem Cn,0+Cn,1+Cn,2+...+Cn,n1+Cn,n=2k subconjuntos
  • um conjunto com 0 elementos tem 1=20 subconjunto
  • um conjunto com 1 elementos tem 1+1=21 subconjuntos
  • um conjunto com 2 elementos tem 1+2+1=22 subconjuntos
  • um conjunto com 3 elementos tem 1+3+3+1=23 subconjuntos

...

  • um conjunto com k elementos tem 1+Ck,1+Ck,2+...+Ck,k1+1=2k subconjuntos
  • onde o Cn,0 é a quantidade de conjuntos nulo, que no caso é sempre 1
  • onde o Cn,1 é quantidade de conjuntos unitários
  • onde o Cn,2 é a quantidade de conjuntos formados de 2 elementos
  • onde o Cn,n1 é a quantidade de conjuntos formados com n-1 elementos
  • onde o Cn,n é a quantidade de conjuntos com n elementos, que no caso é sempre 1

Relações e exemplos de cardinalidade

  • Sejam A e B conjuntos não vazios.
    • Se existe função injetiva f:AB, então dizemos que a cardinalidade de A é menor ou igual à de B e escrevemos AB.
    • Se existe uma função sobrejetiva g:AB, então dizemos que a cardinalidade de A é maior ou igual a de B e escrevemos AB.
    • Se ABeAB, então escrevemos A<B (lê-se a cardinalidade de A é menor que a de B).
    • Analogamente, se ABeAB, então escrevemos A>B (lê-se a cardinalidade de A é maior que a de B).
Feita esta definição, temos que A é enumerável se, e somente se, A.
Exemplo: Seja A um conjunto não vazio. É evidente que A=A pois a função identidade Id:AA dada por Id(x)=x,xA é uma bijeção.
Exemplo: Sejam A e B dois conjuntos não vazios com AB. Obviamente AB pois a função Id:AB dada por Id(x)=x,xA é injetiva.

PROPOSIÇÃO 1

Uma função f:AB é injetiva se, e somente se, existe uma função g:BA que seja sobrejetiva.”
  • Para provar essa proposição, fazemos em separado:
Tomemos por hipótese que f:AB é injetiva. Vamos provar que g:BA que é sobrejetiva.
  • AotomaryB, não sabemos se xA,talquey=f(x).
  • Assim vamos considerar que f(A)BBf(A).
    • Se ocorresse que f(A)=B, teríamos que g:BA,g(y)=x,comf(x)=yxA,f(x)Bg(f(x))=x e assim essa g é sobrejetiva.
  • Vamos tomar B=[Bf(A)]f(A). Assim, construamos g:BA. Ao tomarmos yByBf(A)ouyf(A).
  • Assim, se yf(A), logo xA,talquey=f(x)eseyBf(A), fixemos x1A, um elemento arbitrário, tal que g(y)=x1.
  • Da forma que construímos g, g(B)=A, ou seja, g é sobrejetiva.
    • Com efeito, se g(B)⊄A, teríamos yB,talqueg(y)∉A.Masseyf(A),xA,talquey=f(x), ou seja, g(y)=g(f(x))=xA, que é uma contradição. Mas se y[Bf(A)],g(y)=x1,paraalgumx1A, que é uma contradição, logo g(B)A.
    • Também, se A⊄g(B), teríamos xA,talquex∉g(B).MasxAf(x)Bf(A)g(f(x))=xA, que é uma contradição, logo Ag(B).
Tomemos por hipótese g:BA é uma função sobrejetiva. Vamos provar que qualquer f:AB é injetiva.
  • Suponha que exista uma f:AB,f(x)=y,talquex=g(y), de forma que f não seja injetiva.
  • Pela não-injetividade da f, existem abA,yB,talquef(a)=y=f(b).
  • Mas, se acontecesse que, dado yB,g(y)=aeg(y)=b, g não seria uma função.
  • Portanto f é injetiva.

PROPOSIÇÃO 2

Prove que uma função f:AB é invertível se, e somente se, f é bijetiva.”
Prova
  • Vamos tomar por hipótese que f:AB é invertível.
    • Uma função f é invertível se existe outra função g tal que f(x)=yg(y)=x para todo x em A e y em B.
    • Por g ser uma função, yB,!xA,talqueg(y)=x,yB,!xA,talquef(x)=y
    • Observando que dado qualquer y em B, existe um único x, tal que f(x) = y, nos diz que f é sobrejetiva e g é injetiva.
    • Observando que dado qualquer x em A, existe um único y, tal que g(y) = x, nos diz que g é sobrejetiva e f é injetiva.
    • Logo f e g são bijetivas.

TEOREMA =

TEOREMA De Cantor1-Bernstein2-Schroder3)
Se AB e BA, então A=B.

Prova:

  • Considere h1:ABeh2:BA.
    • Como #A#B, temos que h2 só pode ser definida se #A=#B,
    • Como #B#A, temos que h1 só pode ser definida se #A=#B,
  • Portanto #A=#B

Propriedades importantes dos conjuntos finitos

Teorema (Bijeção sobre um subconjunto)

Seja XIn. Se existir uma bijeção f:InX, então X=In.

Prova

  •  Como XIn(X)(In).
  • Como f é bijetiva (In)=(X)ef(In)X(In)(X)(In)=(X). Como XIn
  • Logo X=In.

Corolário (unicidade numa bijeção)

Se existir uma bijeção f:ImIn então m=n. Consequentemente, se existem duas bijeções f:ImX e f:InX, logo m=n.

Prova

  • Pela bijeção de f, (f(Im))=(Im) e f(Im)=In(Im)=(In)m=n.
  • Pela bijeção de f, (f(Im))=(X)=(f(In)) e f(Im)=X=f(In)(Im)=(X)=(In)m=n.

Corolário (bijeção sobre uma parte própria)

Não pode existir uma fbij:XY de um conjunto finito sobre uma parte própria YX

Prova

Teorema (Propriedades de um subconjunto)

Se X é um conjunto finito então todo subconjunto YX é finito. O número de elementos de Y não excede o de X e só é igual quando Y = X.

Prova

Corolário

Seja f:XY uma função injetora. Se Y for finito então X também será. Além disso, o número de elementos de X não excede o de Y.

Prova

Teorema

Seja X e Y conjuntos finitos, então XY é finito e tem-se que #(XY)=#X+#Y#(XY)
Prova
  • Primeiro vamos mostrar que XY=(XY)(YX)(XY)
    • XY=[X(YYC)][Y(XXC)]=[(XY)(XYC)][(YX)(YXC)].
    • XY=(XY)(YX)(YX)(XY)=(XY)+(YX)+(YX). Podemos somar porque a união é disjunta.
  • Assim X=X(YYC)]=(XY)(XYC)]=(XY)(XYC)(X)=(XY)+(XY)
  • Assim Y=Y(XXC)]=(YX)(YXC)]=(YX)(YXC)(Y)=(YX)+(YX)
  • Logo (X)+(Y)=(XY)+(XY)+(YX)+(YX)=(XY)+(XY)(XY)+(XY)=(X)+(Y)
  • (XY)=(X)+(Y)(XY)